Mateus 16,13-19
22 de fevereiro de 2018Amar os inimigos
24 de fevereiro de 2018Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus.
— Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não mate. Quem matar será julgado.” Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: “Você não vale nada” será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno. Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.
— Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.
Minha oração se inicia com o impacto que o primeiro versículo do texto de hoje causa em mim: “só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus”.
Outras traduções dizem “se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus”.
Esta afirmação de Jesus é forte e escandalosa, pois é como se hoje alguém dissesse algo como: “Só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os teólogos e os padres”.
Além disso, o contexto da afirmação é o famoso Sermão da Montanha, no qual Jesus discursa sobre todos os pontos a serem considerados no programa de vida daqueles que desejam segui-lo. A “justiça” ou o “fazer a vontade de Deus” são temas recorrentes, afinal, Jesus é o Mestre que nos ensina a importância da obediência a Deus até o fim.
Em outros momentos, Jesus alerta os mestres da Lei e os fariseus sobre o caráter deles, chamando-os de hipócritas, ou seja, eles eram pessoas falsas, que escondiam suas reais intenções, seus reais sentimentos e suas reais opiniões.
Hoje, Jesus quer nos ensinar a importância de sermos completamente verdadeiros, de tal forma que a Lei e os seus ensinamentos sejam levados para o lugar mais profundo de nosso ser.
Imediatamente antes do texto apresentado, Jesus dizia que não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la plenamente, portanto entendo que o Senhor quer nos fazer perceber que “não matar” é um mandamento que precisa ser cumprido desde o primeiro momento em que se começa a matar alguém.
Na lei dos homens é proibido matar e eu serei punido se cometer explicitamente o ato de retirar a vida de outra pessoa. Mas o Senhor nos ensina que o ato externo se iniciou em uma semente plantada lá no fundo de nosso ser e que foi crescendo, crescendo, até que brotou em uma ação visível.
Deus vê o escondido.
Deus é bondoso e não quer nos punir porque no escondido de nosso ser alimentamos as raízes que nos levam a matar. Antes disso, quando Deus vê em nosso interior as sombras que crescem e sufocam nossas vidas, Ele quer nos libertar.
Senhor, como é importante sua amizade e a mão generosa que nos oferece para nos retirar dos abismos de mágoas e raiva em que costumamos entrar.
Hoje, somos convidados a colocar diante de Deus tudo aquilo que nos incomoda em relação às pessoas com as quais convivemos, seja em casa, no trabalho, na escola ou na comunidade. Depois disso, perguntarmos a nós mesmos, com sinceridade e sob a luz do Espírito Santo: por qual razão estou com raiva dessa pessoa? Por qual razão o que ela fez ou deixou de fazer está me incomodando tanto? E, finalmente, com a ajuda do Espírito Santo, termos a coragem de olhar para dentro e verificar se a razão do incômodo não está em nós mesmos. Lembrem sempre, Deus é bondoso e deseja nos libertar, não nos punir. Alimentar a mágoa, a raiva e não perdoar somente nos torna escravos do rancor.
“se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você”
O ensinamento de Jesus é libertador e vai além, pois não somente nos instiga a romper com as cadeias das mágoas e ressentimentos, como também nos impele a ajudar os outros a rompê-las. Jesus não diz que devemos procurar fazer as pazes com aqueles que têm queixa justificada contra nós. Devemos procurar aqueles que têm queixa contra nós e fazer as pazes com ele, ou seja, não se discute a razão ou não da queixa, o que importa é levar a paz para o outro.
Com muita liberdade, perguntemos ao Senhor como fazer para colocar em prática exigência tão difícil. Percebamos todos os sentimentos que perpassam nosso espírito quando pensamos em cumprir esse mandamento com aquela pessoa com quem mais temos dificuldade de aceitação e deixemos que todos eles sejam iluminados pela luz do Cristo.
Espírito Santo, seja nosso sustento e nos dê a força necessária. Ajude-nos a compreender que é importante vencer nosso orgulho e prepotência, para nos libertarmos das prisões de mágoas e rancores que criamos para nós mesmos. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte