Mc 3,13-19
24 de janeiro de 2014Dentro ou fora? (Marcos 3,31-35)
28 de janeiro de 2014“Alguns doutores da Lei, que tinham ido de Jerusalém, diziam: “Ele está possuído por Belzebu”; e também: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.”
Então Jesus chamou as pessoas e falou com parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar Satanás? Se um reino se divide em grupos que lutam entre si, esse reino acabará se destruindo; se uma família se divide em grupos que brigam entre si, essa família não poderá durar. Portanto, se Satanás se levanta e se divide em grupos que lutam entre si, ele não poderá sobreviver, mas também será destruído.
Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar suas coisas, se antes não amarrar o homem forte. Só depois poderá roubar a sua casa.
Eu garanto a vocês: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem dito. Mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre.”
Jesus falou isso porque estavam dizendo: “Ele está possuído por um espírito mau.””
Se Jesus diz que até blasfêmias podem ser perdoadas – e às vezes, nas nossas noites escuras, nos custa muito dar graças e nos é mais fácil perder o bom senso até nas palavras –, que pecado é este “contra o Espírito Santo” que não pode ser perdoado? O maior mistério que Deus nos deu é a liberdade, e Ele é incondicional nesta dádiva.
Se contemplamos as outras criaturas, isso se torna mais evidente: a flor não pode deixar de ser flor, o boi não pode deixar de ser boi, mas o ser humano pode se desumanizar – ou se humanizar cada vez mais. Somos condicionados por muitos fatores, mas jamais determinados. Temos a opção de dar um “sim” ou um “não” a Deus. Aí o mistério! Não se trata de pronunciar a palavra “sim” ou “não”, não se trata de aderir a uma religião, não se trata sequer de confessar a existência de Deus e a fé. Trata-se do “sim” ou do “não” que damos à Vida e ao Amor. Trata-se da abertura ou do fechamento do nosso coração.
Jesus fazia gestos que reintegravam a vida plena das pessoas. E os doutores da lei deste Evangelho não se abrem a estes sinais, não se deixam tocar pela recuperação da vida do outro, não se deixam mover pela compaixão a ponto de romper os próprios esquemas e interesses. Fecham-se neles, com interpretações que não revelam mais que o “não” ao Amor. Se “não” é a resposta, nem Deus pode fazer algo, porque não pode desdizer-se e retirar a liberdade dada, que caracteriza o ser humano (seria como “descriá-lo”). Não há perdão. Perdão é fazer-se dom para o outro. E aqui, o dom de si que Deus nos fez em Jesus Cristo encontra a não acolhida, as portas fechadas.
Como está meu coração na acolhida do dom do Amor? Tenho me deixado arrebatar pela Vida, a ponto de romper minhas lógicas e esquemas e me tirar do lugar? O que os sinais de Deus na vida do outro fazem comigo? Aonde me levam?
Este Evangelho nos provoca e interpela a esperar em Deus contra toda a esperança, esperar não nas coisas, mas no Seu amor certo, mesmo quando os sentimentos e os fatos são contrários. Peçamos na oração de hoje a graça de reconhecer os sinais de Deus presentes no outro, na vida; a abrir nosso coração a acolhê-los; e a esperar como o fiel:
“Ainda que a figueira não brote e não haja fruto na parreira; ainda que a oliveira negue seu fruto e o campo não produza colheita; ainda que as ovelhas desapareçam do curral e não haja gado nos estábulos, eu me alegrarei em Javé e exultarei em Deus, meu salvador. Meu Senhor Javé é a minha força.” (Hc 3,17-18).
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner