Nascidos para ver o Reino – João 3,1-8
28 de abril de 2014Preferências – João 3,6-21
30 de abril de 2014LEITURA
“Disse Jesus a Nicodemos: ‘Não te admires de eu te haver dito: vós deveis nascer de novo. O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito’. Perguntou-lhe Nicodemos: ‘Como isso pode acontecer?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘És mestre em Israel e ignoras essas coisas? Em verdade, em verdade, te digo: falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, porém não acolheis o nosso testemunho. Se não credes quando vos falo das coisas da terra, como crereis quando vos falar das coisas do céu? Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nele a vida eterna'”.
A cruz que nos cura
“Moisés, portanto, fez uma serpente de bronze e a colocou em uma haste; se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a serpente de bronze e vivia”. (Números 21,9)
A comparação entre a serpente de bronze levantada por Moisés e a crucificação de Jesus nos traz a beleza da contemplação de nossa redenção, por meio do amor do Deus que nos ama até o fim. De fato, da mesma forma que o olhar sobre a serpente significava a cura daqueles mordidos pelo réptil no deserto, o olhar sobre o Cristo exposto em seu sofrimento de cruz é o verdadeiro antídoto que nos é dado para o alívio da vida carnal que nos aflige.
Se no Antigo Testamento Iahweh enviou contra o povo israelita serpentes abrasadoras cuja mordedura fazia perecer aqueles que haviam perdido a fé e a paciência, no Novo Testamento Deus nos enviou seu único filho cuja Palavra muitas vezes transforma-se em verdadeira mordedura nos nossos dias. Desse modo, se a princípio parecemos perecer na Palavra, que revela nossa fraqueza carnal, é por meio do olhar vigilante sobre essa mesma Palavra, o verbo encarnado e exposto na humilhação da cruz, que somos legitimamente salvos. Sendo assim, a serpente levantada em haste dos nossos dias é o Cristo erguido em sua coerência diante de nossa pequenez, chamando-nos à salvação pela busca dessa mesma coerência. Se assim ele nos chama, resta-nos a certeza de que ganharemos a vida eterna quando aplicarmos a coerência de Jesus em nossas vidas.
Diante do paralelismo observado nessa comparação entre a serpente na haste e o Cristo crucificado, vêm-nos duas perguntas:
- De que modo a Palavra de Cristo nos tem mordido nesses dias atuais?
- Uma vez mordidos pela Palavra, de que forma a figura de Cristo crucificado se revela em nossas vidas como fonte de cura e salvação?
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte, MG.