Não vou morrer; pelo contrário, vou viver para anunciar o que o Senhor Deus tem feito
1 de abril de 2018“Aparição a Maria Madalena”
3 de abril de 2018Evangelho – Mt 28,8-15
Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão.
8Elas foram embora depressa do túmulo, pois estavam com medo, mas muito alegres. E correram para contar tudo aos discípulos. 9De repente, Jesus se encontrou com elas e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
Elas chegaram perto dele, abraçaram os seus pés e o adoraram. 10Então Jesus disse:
— Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos para irem à Galileia, e eles me verão ali.
11Enquanto as mulheres ainda estavam no caminho, alguns dos soldados que estavam vigiando o túmulo voltaram para a cidade e contaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12Os chefes se reuniram com os líderes judeus e fizeram os seus planos. Então deram uma grande quantia de dinheiro aos soldados 13e ordenaram o seguinte:
— Digam que os discípulos dele vieram de noite, quando vocês estavam dormindo, e roubaram o corpo. 14Se o Governador souber disso, nós vamos convencê-lo de que foi isso mesmo o que aconteceu, e vocês não terão nenhum problema.
15Os soldados pegaram o dinheiro e fizeram o que os chefes dos sacerdotes tinham mandado. E esse boato se espalhou entre os judeus até o dia de hoje.
O evangelho de hoje chama nossa atenção por dois aspectos, em especial: a certeza da ressurreição e o lugar onde encontrar Jesus após esse acontecido.
Vemos na cena remontada em Mateus, de um lado, as mulheres como primeiras anunciadoras do cumprimento das profecias e da palavra dada por Jesus em torno da ressurreição e, de outro, os guardas sendo subornados para negar essa verdade. O que fica ao final de duas versões tão contrastantes?
No anúncio ou no silenciamento, a confiança que podemos ter na ressurreição é certa. O anúncio das mulheres confirma isso pelo testemunho e a versão construída acerca do roubo do corpo de Jesus, mesmo tentando negar, acaba confirmando também. A necessidade dos sumos sacerdotes de construírem tal versão confirma o fato de eles mesmos acreditarem na ressurreição, mas terem a necessidade de negá-la por não quererem colocar sua autoridade e sua crença em xeque.
O segundo aspecto que chama nossa atenção é o fato de Jesus ter dito que os apóstolos o encontrariam na Galileia. Esse lugar – como o próprio significado do nome indica, isto é, “distrito, província” – é bastante simbólico para quem ainda o procura até hoje. Jesus seria encontrado no lugar onde o cotidiano civil acontecia e não em lugar isolado, afastado dos afazeres diários. Por outro lado, seria encontrado em meio à vida e não no lugar tido como referência de morte, onde havia sido sepultado.
Embora a Galileia seja um lugar físico específico e, embora Jesus tenha passado pela ascensão ao Céu, sabemos que Ele permanece conosco sob algumas formas litúrgicas ou mesmo simbólicas. Isso é extremamente interessante, pois, muitas vezes, procuramos Jesus em lugares onde jamais o acharemos, como nos rituais que celebram a sua paixão. Por outro lado, muitas vezes acreditamos que apenas o encontraremos em lugares especialmente ligados ao sagrado. No entanto, Ele se manifesta aos apóstolos em meio à vida comum.
Que alegria sabermos que, para nos encontrarmos com Jesus, basta nos sintonizarmos a Ele. Em meio às nossas atividades, mesmo as mais corriqueiras, basta nos concentrarmos um pouco e sentiremos o frescor de Sua presença, como se Ele estivesse acabado de ressuscitar. Claro, quanto mais conseguirmos entrar em clima de oração, tanto melhor. Mas, é reconfortante saber que Ele está o tempo todo por perto e pronto para que o sintamos e dividamos com Ele qualquer um de nossos momentos. E o melhor de tudo: foi Ele que nos deu essa certeza, não se trata de uma invenção.
Essa certeza pode nos ajudar a não tomar decisões por impulso, a não agir com base na passionalidade porque podemos consultá-lo antes de nossas ações. Quantas vezes nos arrependemos de determinadas atitudes por não pensarmos direito no que fazer? Quantas vezes perdemos uma oportunidade de paz ou de reconciliação porque cedemos ao calor do momento? Quantas vezes somos injustos, julgamos, condenamos, quando bastaria um pouco mais de calma para uma decisão mais acertada?
Se nesses momentos nos lembrarmos que o Cristo ressuscitado está “aqui” do nosso lado para nos ajudar, certamente caminharemos em direções mais seguras e celebraremos a harmonia ao invés de viver o arrependimento.
Precisamos, portanto, aprender a buscar Jesus em meio aos nossos afazeres, em meio àquelas situações em que pensamos mais ou menos assim: “pena que não estou em uma igreja agora”. A descoberta de hoje parece dar ainda mais sentido à festa que comemoramos nessa semana. Foi Jesus que nos disse que poderíamos procurá-lo na “Galileia”. E a Sua presença é tão certa que até os sumos sacerdotes, ou seja, aqueles que mais duvidavam das palavras de Jesus, a confirmaram, como se percebe na análise do evangelho de hoje.
Peçamos a Jesus, assim, que nos dê um pouco de leveza para sempre nos lembrarmos que Ele é o único “amigo” com o qual podemos contar a qualquer hora e em qualquer lugar. Assim, cabe a nós também nos exercitar para evitar decisões abruptas das quais podemos nos arrepender mais tarde. Precisamos contar sempre com os conselhos de Jesus para decisões mais construtivas e acertadas. Enfim, precisamos fazer da ressurreição uma motivação para vivermos melhor, pois Jesus nos prova, a cada dia, em cada texto do evangelho a partir da Páscoa, que sua vinda à terra valeu a pena!!!
Amém!
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei