Experimento o Deus da Vida? (Marcos 12, 18-27)
7 de junho de 2017Leitura: Marcos 12, 13-17
Depois mandaram que alguns fariseus e alguns membros do partido de Herodes fossem falar com Jesus a fim de conseguirem alguma prova contra ele. Eles chegaram e disseram:
— Mestre, sabemos que o senhor é honesto e não se importa com a opinião dos outros. O senhor não julga pela aparência, mas ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige. Diga: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano? Devemos pagar ou não?
Mas Jesus percebeu a malícia deles e respondeu:
— Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim? Tragam uma moeda para eu ver.
Eles trouxeram, e ele perguntou:
— De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda?
Eles responderam:
— São do Imperador.
Então Jesus disse:
— Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus.
E eles ficaram admirados com Jesus.
Oração:
O evangelho de hoje nos apresenta a cena da qual nos ficou a famosa frase: “Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Na oração, contemplo a cena e me faço perguntas… Por que Jesus não aproveitou para dizer que os impostos que o Império Romano cobrava eram exacerbados e, portanto, injustos? Se Jesus sabia que uma hora seu discurso o lavaria à morte, por que ali, quando preparam para ele uma armadilha, ele apresenta uma resposta tão evasiva? Queria Jesus revelar algo mais além de sua sagacidade?
Vejo que Jesus certamente não via como chegada a sua hora e ele era de uma altura que só daria a vida quando quisesse. Vejo também que Jesus quis revelar àqueles homens que ele não cairia por detalhes… só daria a vida pelo principal. A opressão tributária era uma grande causa pela qual lutar e morrer, mas Jesus sabia que sua causa era maior que essa questão e, se entendida, abrangeria essa e tantas outras opressões… Por isso, precisava seguir. Não foi evasivo… foi ao ponto.
Depois de tentar entrar um pouco no coração de Jesus, ouço o que ele julgou mais importante combater. Ele deve ter falado baixo, mas, hoje, a frase grita: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus”.
Jesus sabe que quem vive no mundo acaba um pouco por colaborar – mesmo sem querer – com as dinâmicas que não pode ainda combater ou com as quais não pode ainda lidar. Há realidades que parecem inelutáveis. Ele então diz: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus”.
Se parece que Jesus nos torna subservientes quando afirma para darmos a César o que é de César, ainda não chegamos à segunda parte do versículo: “Deem a Deus o que é de Deus”. Dar a César o que é de César não é tudo que Jesus fala. Dar a César o que é de César PARA dar a Deus o que é de Deus. A preocupação de Jesus é com o discernimento quanto ao principal.
Quantas vezes confundimos?! Na inconsciência ou na tentativa de resistir ao mundo, damos ao mundo o que é mais sagrado em nós e ofertamos a Deus – se sobra alguma coisa – o que é menos importante. A palavra de Jesus é um alerta para que tentemos aguçar nosso discernimento. O que é Deus em mim? A minha alma, a minha vida, a minha vontade, os meus desejos, os meus sonhos, as minhas alegrias profundas, o meu significado, o sentido do meu caminhar… isso eu não posso dar ao Imperador. Isso eu preciso dar a Deus. O resto eu até posso dar ao mundo…
Peçamos ao Espírito o discernimento para compreender o que em nós é de Deus, a fim de que saibamos ofertar com precisão: ao mundo o que pode ser dele e a Deus o que é sagrado em nós.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte