IV Domingo da Quaresma – Ano A
26 de março de 2017“Levante-se, pegue a sua cama e ande!”
28 de março de 2017Jo 4,43-54
Naquele tempo, Jesus partiu da Samaria para a Galileia. O próprio Jesus tinha declarado que um profeta não é honrado na sua própria terra. Quando então chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém, durante a festa. Pois também eles tinham ido à festa.Assim, Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado a água em vinho.Havia em Cafarnaum um funcionário do rei que tinha um filho doente. Ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judeia para a Galileia. Ele saiu ao seu encontro e pediu-lhe que fosse a Cafarnaum curar seu filho, que estava morrendo. Jesus disse-lhe: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais.” O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” Jesus lhe disse: “Podes ir, teu filho está vivo.” O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora.Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro, dizendo que o seu filho estava vivo. O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde”.O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Teu filho está vivo.” Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família. Esse foi o segundo sinal de Jesus. Realizou-o quando voltou da Judeia para a Galileia.
Começo minha oração pedindo o sopro do Espírito Santo para inspirar-me e também a todos que rezam comigo esta palavra de vida.
As leituras de hoje mereceriam atenção especial, pela riqueza que cada uma traz em si. Porém, acreditando que não convém fazer uma oração muito extensa, decidi centrar-me na passagem do evangelho, sem deixar, contudo, de trazer aqui um ponto específico da passagem de Isaías 65, 17-21: a alegria de Deus.
O Antigo Testamento muito nos fala dos vários atributos de Deus: sua ira passageira, sua justiça, sua bondade, seu amor e sua misericórdia sem limites. Mas, hoje, deparo-me com a alegria de Deus e fico imaginando como ela seria.
Noto, por todo o desenrolar do relato, que a alegria de Deus não é solitária. Ela existe no desejo de restaurar a relação e de criar comunhão. É a alegria de um Deus que é vida e que dá a vida plena. Não uma vida que se esgota em si, mas uma vida de esperança e novidade. O Espírito é sempre novo e faz novas todas as coisas.
Na passagem de João, dialogo com Jesus, e descubro nele um Deus surpreendente, especialmente por sua capacidade de também se surpreender, de aprender com aquele que vem ao seu encontro. Um Deus aberto, repleto do Espírito que faz novas todas as coisas, porque não rejeita a novidade do outro.
Jesus, no seu retorno à Galileia, vejo que os galileus o receberam bem, por causa dos sinais que você havia realizado. Muitos se achegavam pedindo-lhe mais sinais e curas, e é neste momento que se aproxima de você um homem, funcionário do Rei, cujo filho estava doente.
Percebo neste homem, primeiramente, a coragem de ir a seu encontro, sair de Cafarnaum, sua cidade, e ir até Caná, onde você se encontrava, para pedir pela vida de seu filho. Você, Jesus, sabia que era preciso experimentar aquela fé, por detrás do pedido. Incomodado com a incredulidade dos galileus, o que ressalta é a sua humanidade: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais.”
Mas o pai não desanima e insiste: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” O pai insiste, suplica, humilha-se, não desiste. Ante a insistência deste pai determinado e confiante de que só você poderia curar seu filho, o que ressalta é a sua misericórdia: “Podes ir, teu filho está vivo.”
Você, Jesus, levou este pai a um caminho de fé. Não fez, exatamente, o que ele pediu. Não foi a Cafarnaum curar seu filho. Então, que certeza ele poderia ter de que seu filho havia sido curado? Nenhuma! Foi preciso que o homem cresse apenas em sua palavra, uma única declaração, e isso lhe bastou. O homem acreditou, voltou para casa e se tornou um discípulo seu, com toda a sua família.
Tudo isso me tocou muito em minha oração! Apesar do incômodo com a fé interesseira de muitos que o procuravam, sua misericórdia era capaz de ir mais longe, ver com o coração e acolher. O incômodo não pode, jamais, ser empecilho para a prática da misericórdia.
Neste ponto da oração, e observando este pai, trago algumas luzes para a minha vida. Como me coloco diante de você, Jesus? Que tipo de relação tenho alimentado? Sou capaz de buscar e rezar a sua palavra, trazendo-a para minha vida, minha forma de pensar, minhas atitudes? ou desejo apenas que você realize sinais e prodígios em minha vida, segundo a minha vontade? Sou capaz de ser determinada, persistente e, principalmente, de crer sem necessidade de ver o sinal realizado? Tenho coragem de sair do meu lugar, do meu conforto e percorrer um caminho de maturidade na fé que me faça também discípula de Jesus?
Contemplando sua atitude, Jesus, trago mais luzes para a oração. Sou capaz de reavaliar meus conceitos e atitudes? Capaz de vencer preconceitos? Capaz de ir além das palavras e enxergar o que vai no coração das pessoas? Sou capaz de não permitir que o incômodo me impeça de ser misericordiosa?
Jesus, que eu não precise lhe pedir sinais. Que a sua palavra me baste, como bastou para o pai neste evangelho. Que eu experimente nela a sua própria presença. E que, aprendendo com sua profunda humanidade, eu me torne mais misericordiosa, a cada dia, trazendo o novo céu e a nova terra para a minha realidade. Amém!
Regina Marinho – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte