25º Domingo do Tempo Comum – Ano B
19 de setembro de 2015Ouvir e praticar
22 de setembro de 2015Leitura: Mateus 9,9-13
Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse:
— Venha comigo.
Mateus se levantou e foi com ele. Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos:
— Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama?
Jesus ouviu a pergunta e respondeu:
— Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: “Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais.” Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons.
São Mateus e o anjo [Pintura de Guido Reni]
Oração: Os ambientes da conversão
Os ambientes que compõem as situações apresentadas nesse texto de Mateus são de grande importância para bem entendermos aquilo que Jesus vem nos trazer de novidade. Jesus dirige-se a Mateus e o chama para seu seguimento. Isso acontece no lugar onde os impostos eram pagos, ambiente em que Mateus exercia sua profissão de cobrador de impostos. Depois de aceitar o convite, eles se dirigiram à casa de Mateus, onde Jesus e os discípulos jantaram com muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama.
A profissão de cobrador de impostos bastava para que Mateus fosse considerado pecador, impuro. Mas Jesus foi buscá-lo em seu próprio local de trabalho para chamá-lo à conversão. Assim também acontece com cada um de nós. Não é necessário qualquer templo, qualquer local místico, para que Jesus nos manifeste seu convite para segui-lo. Ele nos alcança em nossos próprios ambientes, e de alguma forma se faz presente nos revelando sua proposta de vida eterna e santidade. É o próprio Jesus que se dirige a nós, em gesto ativo, nos querendo para Ele. Ele nos atinge em nosso local de trabalho, de estudo, de lazer, de descanso etc. Sobretudo, como aconteceu com Mateus, Jesus nos encontra onde pecamos. E isso nos evidencia sua grandiosa bondade, que não nos deixa entregues aos nossos próprios erros e fraquezas. Ele nos vê, como viu o cobrador de impostos – e nos vê egoístas, mesquinhos, arrogantes, orgulhosos, viciados etc. – e ainda assim não se omite, indo até onde estamos e dirigindo-nos seu convite à conversão, cheio de esperança e misericórdia.
Quando Mateus ouve o chamado de Jesus, ele se levanta e vai com Ele. Partem não imediatamente para a casa de Jesus, mas para a casa de Mateus e ali permanecem para o jantar. Do mesmo modo nos ocorre. Quando identificamos o convite de Jesus, levantamos, e logo Ele nos leva para a nossa própria casa, antes de permanecermos definitivamente com Ele. É em nossa própria casa que Jesus nos faz conhecê-lo. Em nossa casa ele nos apresenta seu projeto de vida plena em caridade, despojamento e piedade. Em nossa casa também ele vê o que carregamos de má fama, e o que o apresentamos em nossa mesa: nossas fraquezas e tudo aquilo que nos distancia da bondade. Nossa casa é tudo o que nos é íntimo, sejam os nossos espaços ou nossas relações. O relacionamento com Jesus nos é profundo porque começa em nossa intimidade.
Reflitamos hoje sobre os nossos ambientes de conversão. Pensemos na diversidade de locais onde podemos ouvir o convite de Jesus chamando-nos ao seu seguimento. Pensemos também em nossa própria casa, nosso espaço e nossa história, e em tudo aquilo que carregamos e precisamos colocar à mesa com Jesus. Não tenhamos medo ou vergonha da exposição, pois reconhecermo-nos pecadores é condição essencial para que Jesus realize em nós a sua missão.
Marcelo H. Camargos - acadêmico de medicina na UFMG e membro da Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte-MG.