O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir.
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17º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 26 de julho de 2015
“Mostra-nos, ó Senhor Deus, o teu amor
e dá-nos a tua salvação!”
Salmo 85.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Ó divino amor,
ó laço sagrado que unes o Pai e o Filho!
Espírito Todo-poderoso, consolador dos aflitos!
Envia teu doce orvalho a esta terra deserta,
para transformar sua imensa aridez.
Envia os raios celestiais de teu amor
até o fundo mais misterioso do homem interior,
a fim de que habitando nele, acendam o vivíssimo fogo
que consome toda debilidade e toda decadência.
Vem, ó Espírito Santo! Vem e tem misericórdia de mim.
Dispõe de tal modo minha alma e tolera minha debilidade com tanta doçura,
que minha pequenez encontre graça diante de tua grandeza infinita…
Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 6.1-15
Jesus alimenta uma multidão
Mateus 1413-21; Marcos 6.3-34; Lucas 9.10-17
1Depois disso, Jesus atravessou o lago da Galileia, que também é chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia porque eles tinham visto os milagres que Jesus tinha feito, curando os doentes. 3Ele subiu um monte e sentou-se ali com os seus discípulos. 4A Páscoa, a festa principal dos judeus, estava perto. 5Jesus olhou em volta de si e viu que uma grande multidão estava chegando perto dele. Então disse a Filipe:
– Onde vamos comprar comida para toda essa gente?
6Ele sabia muito bem o que ia fazer, mas disse isso para ver qual seria a resposta de Filipe.
7Filipe respondeu assim:
– Para cada pessoa poder receber um pouco de pão, nós precisaríamos gastar mais de duzentas moedas de prata.
8Então um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse:
9– Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que é isso para tanta gente?
Jesus disse:
– Digam a todos que se sentem no chão.
Então todos se sentaram. (Havia muita grama naquele lugar). Estavam ali quase cinco mil homens. 11Em seguida Jesus pegou os pães, deu graças a Deus e os repartiu com todos; e fez o mesmo com os peixes. E todos comeram à vontade. 12Quando já estavam satisfeitos, ele disse aos discípulos:
– Recolham os pedaços que sobraram a fim de que não se perca nada.
13Eles juntaram os pedaços e encheram doze cestos com o que sobrou dos cinco pães.
14Os que viram esse milagre de Jesus disseram:
– De fato, este é o Profeta que devia vir ao mundo!
15Jesus ficou sabendo que queriam levá-lo à força para o fazem rei; então voltou sozinho para o monte.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Mestre Geraldo Garcia Helder[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
De quem se fala nesta passagem? De onde Jesus vem e para onde se dirige? Por que muita gente seguia Jesus? Você está disposto a recriar o diálogo entre Jesus e Filipe? O que diz André? O que diz e faz Jesus? Que resultados obtêm os discípulos ao obedecerem a Jesus? O que Jesus percebeu e o que fez para evitá-lo?
Algumas pistas para compreender o texto:
Muitos comentadores do quarto evangelho chamam a seção que vai do capítulo 2.1 ao 11.51 “O livro dos sinais de Jesus”. Os sinais (semeia, em grego) são sete, e são oferecidos como testemunhos de que Jesus opera com o poder de Deus:
- A água transformada em vinho (2.1-11)
- A cura do filho de um funcionário público (4.46-54)
- Cura do enfermo da piscina de Siloé (5.1-18)
- A multiplicação dos pães (6.1-15)
- Jesus anda em cima da água (6.16-21)
- A cura do cego de nascença (9.1-40)
- A revivificação de Lázaro (11.1-44)
Se levarmos em conta que os judeus tinham uma escritura concêntrica, dando importância primordial ao que ficava no centro, este texto adquire valor especial, visto que se acha como o sinal central.
Este é o único milagre que é narrado nos quatro evangelhos, e em Marcos e Mateus, encontramos uma segunda multiplicação de pães e peixes. João atribui a iniciativa ao próprio Jesus, assegurando que ele “sabia muito bem o que ia fazer” (v. 6) e o mostra a repartir diretamente o alimento aos cinco mil homens.
Antes de partir e partilhar o alimento, o Senhor dá graças. O verbo grego usado no v. 11 é eucharistein: o mesmo que deu nome à celebração central dos cristãos. Às vezes cremos que a Eucaristia tem seu fundamento somente na Última Ceia, mas o fato é que o tem igualmente nas refeições do Ressuscitado com seus amigos, nas refeições de Jesus de Nazaré com publicanos e pecadores (fonte de escândalo para os observantes das normas de pureza ritual) e nas multiplicações dos peixes e dos pães.
Estas multiplicações são tão abundantes que sempre se recolhem as sobras. João não diz, como o fazem os sinóticos, que “todos comeram e ficaram satisfeitos”, mas coloca na boca de Jesus a ordem para recolher “os pedaços que sobraram a fim de que não se perca nada” (v. 12): uma preocupação que reaparece neste evangelho (6.39; 10.28; 17.12; 18.9).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Ao escutar o evangelho, disponhamos nosso coração aos ensinamentos e ao exemplo de Jesus. Hoje, ele nos dá testemunho de gratidão ao Pai. Quando nos encontramos em um momento de necessidade, muito poucas vezes pensamos em agradecer pela bênção das coisas boas e, em geral, o que fazemos é sentir angústia pelo que que faz falta. Jesus permite que vejamos os milagres que realiza com o que Deus lhe provê; neste caso, diante do olhar de assombro de seus discípulos, ele consegue dar de comer a cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes. A fórmula: a ação de graças. Este evangelho nos convida a dar graças pelo que diariamente existe em nossa vida, desde o mais simples até o mais miraculoso. Poder respirar, ter o que comer e vestir, a companhia da família e dos amigos são detalhes que Deus provê para nós com amor diário. E é isso o que nos entrega para que o multipliquemos em alegria e amor para com nossos irmãos.
Nossos pais e educadores ensinaram-nos que dar graças é um ato de boa educação e cortesia; podemos ser educados e corteses para com Deus e acrescentar nosso agradecimento a ele. Recordemos sempre que cada Eucaristia é agradecimento a Deus pela presença de seu Filho e por seu evangelho entre nós. É o que nos pede também são João Paulo II: “Queridos irmãos e irmãs: o melhor modo de agradecer o dom da evangelização consiste em colaborar ativa e responsavelmente na ação evangelizadora atual. A semente da Palavra de Deus continua a cair em seus corações”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Lembro as repetidas ocasiões em que Jesus levanta os olhos para o céu e dá graças? O que me é mais fácil: agradecer ou pedir? Experimentei o milagre da multiplicação em agradecimento? Por quais coisas ainda devo agradecer a Deus?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Oh Jesus, Deus eterno,
Te dou graças por tuas inúmeras graças e bênçãos.
Que cada pulsar de meu coração
seja um hino novo de agradecimento a ti, oh Deus!
Que cada gota de meu sangue circule para ti, Senhor.
Minha alma é todo um hino de adoração à tua misericórdia.
Te amo, Deus, por ti mesmo.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Pai, como Jesus, quero agradecer-te pelo que fazes e pelo que farás.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Cada dia, em minha oração pessoal, faço minha ação de graças a Deus pelos membros de minha família e pelo sustento que nos provê.
“Para mim, a oração é um impulso do coração, um simples olhar para o céu,
um grito de agradecimento e de amor tanto nos sofrimentos quanto nas alegrias”.
Santa Teresa de Liseaux
[1] Tirado de Meditações de Santo Agostinho, Capítulo IX.
[2] Mestre em Sagrada Escritura (ISEDET), Secretário Executivo do Departamento de Pastoral Bíblica da Conferência Episcopal Argentina. Coordenador Zonal do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) da Federação Bíblica Católica (FEBIC).
[3] João Paulo II, Viagem apostólica ao Paraguai (maio de 1988).
[4]Santa Faustina Kowalska