Em missão
25 de abril de 2015A porta
27 de abril de 2015LECTIO DIVINA
Quarto Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia – Ano B
26 de abril de 2015
“A pedra que os construtores rejeitaram
veio a ser a mais importantes de todas.”
Salmo 118.22
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, estimula-nos,
para que trabalhemos santamente.
Espírito Santo, atrai-nos,
para que amemos as coisas santas.
Espírito Santo, inspira-nos,
para que pensemos santamente.
Espírito Santo, fortalece-nos,
para que defendamos as coisas santas.
Espírito Santo, ajuda-nos,
para que não percamos jamais as coisas santas.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 10.11-18
Jesus, o bom pastor
11– Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas. 13O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas. 14-15Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. 16Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor.
17— O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. 11Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quantas vezes Jesus se identifica no texto como o bom pastor? Quais são as atitudes que identificam o bom pastor? O que faz aquele que cuida das ovelhas somente por dinheiro? Como reagem as ovelhas que não são do redil? Por que o Pai ama o Filho? Que lhe ordenou o Pai?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste quarto domingo de Páscoa, celebramos o domingo do Bom Pastor.
Podemos distinguir quatro partes no texto: na primeira (vv. 11-13), Jesus apresenta-se como o bom pastor, que dá a vida, em contraposição ao assalariado, que trabalha por dinheiro e foge diante dos perigos; na segunda (vv. 14-15), volta a apresentar-se como bom pastor e mostra que a relação que este tem com suas ovelhas é reflexo da relação do Pai com Jesus. No v. 16, estende-se o rebanho a outras ovelhas, a um chamado futuro em que se formará um só rebanho. Finalmente, os vv. 17-18 retornam à relação de Jesus com o Pai.
Esta passagem, lida no tempo pascal, mostra-nos um Jesus ressuscitado que é bom pastor, que continua a guiar e a pastorear seu rebanho. Seu pastoreio não é unicamente durante o tempo de sua vida terrena. Os discípulos de hoje, que somos nós, continuamos a ser ovelhas pastoreadas por Jesus.
Em primeiro lugar, Jesus confronta a imagem do bom pastor com a do assalariado. Nas duas vezes em que fala do bom pastor (vv. 11-15), faz referência à entrega da vida pelo bem das ovelhas. Ele é bom pastor porque está disposto a dar a vida – como de fato celebramos nestes dias de Páscoa –, coisa que o assalariado não faz, senão que foge frente aos perigos e não está disposto a entregar-se pelas ovelhas, porque o que busca é seu próprio interesse.
Em seguida, detém-se na relação estreita que existe entre o pastor e as ovelhas, tão íntima que se compara com a relação de Jesus e seu Pai. O “conhecer” do qual Jesus fala aqui não se refere somente a um conhecimento racional. O conhecimento bíblico é um conhecimento de proximidade e de experiência; neste sentido é que Jesus conhece suas ovelhas, que somos nós, que também o conhecemos. Nós o entendemos, pois, no sentido de um conhecimento de comunhão e de amor entre Jesus e nós.
A afirmação que Jesus faz de si mesmo como “bom pastor” parece banal, mas é muito profunda, porque se existe algo que não pode faltar para que alguém seja pastor são as ovelhas. Jesus não se entende sem as ovelhas: ele estabeleceu com elas um vínculo tão forte, que já não pode nem separar-se delas nem se compreender sem elas, assim como não se entende um pai sem um filho: não há relação mais profunda do que a que existe o Pai e o Filho. Com efeito, Jesus compara essa relação com a que ele estabelece conosco.
Ele institui essa relação dando também sua vida (repete-o pela terceira vez no v. 17), e isso agrada ao Pai (v. 17). Essa entrega não é algo obrigatório para Jesus; não é que lhe tenham tirado a vida: “…eu a dou por minha própria vontade”. Ali se manifesta o amor pleno de Jesus por aqueles a quem e por quem se entrega, como havia dito na última ceia: “Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles” (Jo 15.13).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
No evangelho, Jesus chama a si mesmo de “bom pastor”. Esta realidade nos permite sentir alegria ao contar com seu apoio fiel e firme. Jesus fez um esforço incalculável por nossa salvação, vale dizer, por nossa felicidade. Jesus, nosso Pastor, deu a vida por cada um de nós. Ele é nosso guardião e nosso escudo diante do “lobo” que espreita para assustar-nos e dispersar-nos. Por isso, nosso agir deve ser seguro e ancorado nele, na oração, no estudo e na meditação da Palavra Viva e nos sacramentos. Além do mais, Jesus conta com um suporte maior: Deus, seu Pai, nosso Pai, e assim como o Pai manifesta amor e cuidado a seu filho, o mesmo fará com cada um de nós: Deus mesmo é nosso Pastor!
O Papa João Paulo II, em uma homilia dominical, convidava-nos a ver-nos também como pastores: “Cada cristão, em virtude do batismo, é chamado a ser, ele próprio, um “bom pastor” no ambiente em que vive. Vocês, pais, devem exercitar as funções do bom pastor para com seus filhos; e vocês, também, filhos, devem servir de edificação, com seu amor, obediência e, principalmente, com sua fé corajosa e coerente. Igualmente na escola, no trabalho, nos ambientes de lazer e de tempo livre, nos hospitais e onde se sofre, que cada um procure sempre ser ‘bom pastor’, como Jesus”.
Por isso, não devemos esperar somente “bons pastores” que nos assistam, mas, ao contrário, sê-lo para os outros e estar atentos às necessidades de companhia ou de conselho de nossos amigos e familiares.
Recordemos, além disso, que neste domingo, comemoramos nossos párocos e sacerdotes, e lhes agradeçamos o dom de seu ministério a serviço da comunidade.
Agora perguntemo-nos:
O que é ser Bom Pastor? Senti-me ovelha sob os cuidados do Senhor? Em que ocasiões? Encontro em Deus Pai o apoio para minha vida? Tenho consciência de que sou pastor para os outros?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus, Bom Pastor:
Peço-te poder escutar tua voz
e reconhecer que estou sob teus cuidados.
Deste tua vida por mim,
uma ovelha que, sem tua redenção,
caminharia desanimada e confusa;
por isso, dou-te infinitas graças.
Suplico-te por aqueles sacerdotes que,
como tu, se entregam a suas comunidades,
sem medida e sem descanso:
bendize-os e cuida sempre deles.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Hoje não me sinto sozinho/a, Jesus! Tu és meu Bom Pastor!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convidarei minha comunidade a fazermos uma faixa de felicitação para um sacerdote próximo de nós. Ao mesmo tempo, faremos uma oração especial por ele e por todos os sacerdotes.
“Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”.
São João Maria Vianney
[1] Santo Agostinho.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Equipe Lectionauta.