Terceiro Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia – Ano B
19 de abril de 2015João 6,30-35
21 de abril de 2015Leitura: João 6, 22-29
Depois que Jesus saciara os cinco mil homens, seus discípulos o viram andando sobre o mar. No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar constatou que havia só uma barca e que Jesus não tinha subido para ela com os discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos. Entretanto, tinham chegado outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado graças. Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, subiram às barcas e foram à procura de Jesus, em Cafarnaum. Quando o encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: ‘Rabi, quando chegaste aqui?’ Jesus respondeu: ‘Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo.’ Então perguntaram: ‘Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?’ Jesus respondeu: ‘A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou’.
Oração:
O evangelho de hoje nos convida a pensar em nosso caminho de busca. No início da oração, podemos pensar em motivações, exigências, necessidades, vontades, desejos, medos, sedes, fomes e inseguranças que nos fazem entrar na barca para procurar Jesus. Coloquemo-nos no lugar dessas pessoas que se saciaram com os pães (Jo 6, 1-15) e vão atrás de Jesus. Ouçamos o que Ele lhe/nos diz…
Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Jesus vê nossa busca. Há uma alegria, mas um lamento. Nós O buscamos. Porém, por que o fazemos? Caso Jesus não se preocupasse com todas as nossas fomes, inclusive a de pão, não teria dito aos discípulos para que dessem eles mesmos de comer à multidão. Fosse o alimento mais básico irrelevante para Jesus, teria permitido que a multidão fosse dispensada com fome. Ele, ao contrário, exige que a fome de pão seja saciada (Lc 9, 13). Que quer então Jesus?
Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. O lamento de Jesus é que não Lhe peçamos todos os alimentos. Que não Lhe apresentemos todas nossas fomes ou, pior, que não saibamos que temos muitos níveis de fome. Vê a nossa necessidade humana, mas lamenta que nosso esforço esteja na consecução daquilo que o Pai, que cuida dos pássaros (Mt 6, 26) e das plantas (Mt 6, 28), promete nos dar em acréscimo, caso nossa busca principal seja aquela que admite uma fome que só se sacia com o alimento que não se perde (Mt 6, 36).
A oração de hoje nos convida a contemplar o cuidado integral do Pai para com os filhos. Ele não exige que se caminhe com fome de pão. Essa fome O ofenderia e ofende sempre que ocorre. No entanto, a luta para aplacar essa fome traz o risco de não enxergarmos outra fome, esta, que somente Ele pode em verdade aplacar.
Olhemos para a multidão, que atravessa o mar em busca de pão, esquecida de que se encontrava já em uma cidade, onde pão já havia. Peçamos a Ele entender a cada dia de qual fome padecemos e por qual fome devemos, em cada momento, cruzar o mar.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, estudante de Direito da UFMG e membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte