É de dentro do coração humano…
11 de fevereiro de 2015Ele faz bem todas as coisas
13 de fevereiro de 2015Mc 7,24-30
Naquele tempo: Jesus saiu dali e foi para a região de Tiro e Sidônia. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguiu ficar escondido. Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés. A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. Jesus disse: ‘Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos.’ A mulher respondeu: ‘É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair.’ Então Jesus disse: ‘Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha.’ Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já havia saído dela.
Lendo a passagem tento imaginar a cena… Jesus sai de onde estava. Sai de uma conversa difícil com os mestres da lei, em que falavam de tradições e costumes. De uma conversa difícil com os discípulos em que percebia que eles também não entendiam muito do que ele estava falando. Conversas em que tentava por fim à hipocrisia das exterioridades e chamar a atenção para o interior, ao que se passa dentro do coração, ao que move as intenções do ser humano.
Diz a passagem que entrou em uma casa e que não queria ser encontrado… Que estava sentindo Jesus? Cansaço? Falta de paciência? Vontade de ficar sozinho? E eu? Como estou me sentindo? Também sinto às vezes vontade de sumir, de não ser encontrada, de fugir das más notícias, de fugir da violência, de fugir das opressões, de fugir das minhas responsabilidades…
Mas não conseguiu ficar escondido, diz a passagem. Uma mulher que tinha ouvido falar dele o reconheceu e pede sua ajuda. Também nós não conseguimos ficar escondidos por muito tempo… A realidade logo chega.
A mulher expõe seu problema a Jesus, que a responde com aparente rispidez. A mulher acolhe humildemente a resposta de Jesus e a retorce. Sua fé é colocada à prova naquele momento, mas ela aproveita a situação para fortalecê-la.
Me encanta a humanidade de Jesus nessa passagem. Um ser humano em processo. Talvez, nesse momento, Jesus tenha percebido que sua bondade e poder eram pra todos e não apenas para os judeus. E mais me encanta a docilidade de Jesus ao perceber isso. Não bate o pé em sua aparente convicção, mas dá espaço ao novo e se dá também a uma pagã. Me chama a atenção também a maneira como a mulher e Jesus se deixam afetar um pelo outro. A aparente provocação de Jesus movimenta a fé da mulher e a fé da mulher movimenta as aparentes convicções de Jesus.
Que nossa oração possamos nos deixar afetar pela presença do Senhor, que nos deixamos afetar pelas realidades que nos circundam e que Deus possa fazer surgir algo novo!
Pollyanna Vieira – Família Missionária Verbum Dei – BH – MG