Sou de Deus. Confio no Espírito.
17 de outubro de 2015A vida de fé e os bens materiais
19 de outubro de 2015LECTIO DIVINA
29º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 18 de outubro de 2015
“Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos,
para que cantemos e nos alegremos a vida inteira”.
Salmo 90.14
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor Jesus, abre meus olhos e meus ouvidos à tua palavra.
Que eu leia e escute tua voz e medite teus ensinamentos.
Desperta minha alma e minha inteligência para que tua palavra penetre meu coração
e possa eu saboreá-la e compreendê-la.
Dá-me muita fé em ti, para que tuas palavras sejam para mim
outras tantas luzes que me guiem para ti pelo caminho da justiça e da verdade.
Fala, Senhor, que eu te escuto e desejo pôr em prática tua doutrina,
porque tuas palavras são para mim vida, alegria, paz e felicidade.
Fala-me, Senhor, pois és meu Senhor e meu mestre.
A ninguém mais escutarei senão a ti.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 10.35-45
O pedido de Tiago e João
Mateus 20.20-28
35Depois Tiago e João, filhos de Zebedeu, chegaram perto de Jesus e disseram:
— Mestre, queremos lhe pedir um favor.
36— O que vocês querem que eu faça para vocês? — perguntou Jesus.
37Eles responderam:
— Quando o senhor sentar-se no trono do seu Reino glorioso, deixe que um de nós se sente à sua direita, e o outro, à sua esquerda.
38Jesus respondeu:
— Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber e podem ser batizados como eu vou ser batizado?
39Eles disseram:
— Podemos.
Então Jesus disse:
— De fato, vocês beberão o cálice que eu vou beber e receberão o batismo com que vou ser batizado. 40Mas eu não tenho o direito de escolher quem vai sentar à minha direita e à minha esquerda. Pois foi Deus quem preparou esses lugares e ele os dará a quem quiser.
41Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago e João. 42Então Jesus chamou todos para perto de si e disse:
— Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. 43Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, 44e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos.45Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quem são os filhos de Zebedeu? O que pediram a Jesus? O que Jesus disse que eles deveriam fazer? A quem será dado o lugar que eles pedem? O que deverá fazer aquele que, dentre eles, quiser ser grande? Para que veio o Filho de Homem?
Algumas pistas para compreender o texto:
Em seu caminho rumo a Jerusalém, juntamente com os discípulos, Jesus ensina-lhes que ele vai sofrer muito, vão entregá-lo e matá-lo, mas ressuscitará no terceiro dia. Este ensinamento é tão importante que ele o repete três vezes (8.31ss; 9.30ss; 10.32ss). A última vez que ele o faz é no texto imediatamente anterior ao que lemos neste domingo, de modo que o entendemos de alguma maneira como a reação dos discípulos diante de Jesus que partilha sua sorte dolorosa, a qual o conduz à ressurreição.
O texto tem duas partes: na primeira, encontra-se o diálogo de Jesus com os filhos de Zebedeu (vv. 35-40), e na segunda, a reação dos dez e o ensinamento sobre o que é ser discípulo (vv. 41-45).
A pergunta de Tiago e João vem imediatamente depois do terceiro anúncio da paixão e da ressurreição. Jesus havia-lhes aberto o coração e partilhado sua dor. Em meio a isso, aproximam-se estes discípulos para pedir-lhe os lugares de honra em seu Reino. O contraste não pode ser maior. Jesus está anunciando que seu caminho passa pela cruz, e seus discípulos estão pensando em ocupar os melhores lugares.
Esta atitude já se havia repetido nos anúncios anteriores: Pedro não pode aceitar que Jesus seja morto, e começa a questionar Jesus (8.32ss); depois do segundo anúncio, os discípulos discutem entre si a respeito de quem, dentre eles, é o mais importante (9.33ss). Os discípulos não entendem, pretendem a glória, ao passo que Jesus vai para a cruz… Jesus aceita esta dificuldade e aproveita estas circunstâncias para ensinar-lhes o significado de ser discípulo.
Diante do pedido de Tiago e João, Jesus responde-lhes que eles não entenderam, que não cabe a eles nem ao próprio Jesus conceder tais lugares de honra.
Os outros dez se aborrecem, provavelmente porque Tiago e João adiantaram-se a eles e pediram primeiro! E Jesus ensina-lhes com infinita paciência. Apresenta o exemplo dos que se julgam importantes, que governam com tirania e subjugam com sua autoridade; em seguida, diz-lhes algo muito forte: diz-lhes, literalmente, que “entre vocês não pode ser assim”. Ou seja, Jesus não está expressando um desejo ou um ensinamento, como a dizer que “entre vocês não seja assim”; ao contrário, ele está definindo: entre vocês, meus discípulos, não é assim. Quer dizer que, se for assim, se uns quiserem impor-se aos outros com autoritarismo, então deixam de ser seus discípulos.
Temos muito o que aprender com este ensinamento de Jesus e ver como nos relacionamos entre nós e o que buscamos ao seguir Jesus. Ele mesmo, que é o Senhor, não veio para que o sirvam, mas para servir. Como vivemos nossa condição de discípulos?
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho deste domingo rompe os esquemas da conquista dos melhores lugares. Quando fomos escolhidos para dirigir, representar um grupo ou estar junto às pessoas mais importantes, pensamos que foi um grande reconhecimento merecido pelo que somos, pelo que fizemos ou talvez tenhamos proposto. É claro que há algo em nós: somos criativos, inovadores, extrovertidos, organizados, responsáveis ou temos outras qualidades que nos destacam. No entanto, foi Deus quem nos abençoou com múltiplos dons e exige que os coloquemos a serviço dos demais; portanto, estar nesses lugares privilegiados é, na realidade, a ocasião de servir a Deus e aos outros. Assim é que ajudamos a mudar a mentalidade de nosso tempo: quando obtemos reconhecimento, temos a oportunidade de demonstrar que nosso estilo é o de Jesus; o que fazemos, devemos encaminhar para o bem comum e não para uma meta pessoal de privilégio.
O Papa Francisco recorda-nos nossa Mãe, Maria Santíssima, como exemplo de serviço: “Antes de tudo nós somos um povo que serve a Deus. O serviço a Deus se realiza de várias maneiras, especialmente em oração e adoração, no anúncio do Evangelho e no testemunho da caridade. Maria é sempre o ícone da Igreja, a ‘serva do Senhor’ (cf. Lc 1.38). Logo após receber o anúncio do anjo e ter concebido Jesus, Maria vai às pressas ajudar sua prima Isabel, de idade avançada. Assim, mostra que a melhor maneira de servir a Deus é servir os nossos irmãos e irmãs que precisam de ajuda.
Na escola da Mãe, a Igreja aprende a tornar-se cada dia ‘serva do Senhor’, para estar pronta a sair para atender às situações de maior necessidade, para ser atenta aos pequenos e excluídos. Mas o serviço da caridade, todos nós somos chamados a viver na realidade comum, ou seja, na família, na paróquia, no trabalho, com os vizinhos… É a caridade comum de todos os dias”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Senti necessidade de ser colocado nos melhores lugares? Quando você ocupa uma posição especial, aproveita-a para servir aos outros? Você prefere pouco reconhecimento? Você acredita que, ao servir, agrada mais a Deus? Se alguém elogia seu trabalho, você assume isso como algo que deve inspirá-lo a fazê-lo ainda melhor? Você se arrisca a servir mais e melhor, sem se importar com agradecimentos?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Dá-me tua mão, Senhor,
e guia-me para onde precisam de mim.
Ofereço-te meu tempo, meu esforço,
minha vontade de dar e doar-me.
Quero seguir teu exemplo,
Ser capaz de tudo pelos outros.
Quero viver com alegria a festa do dar,
com tantos que percorreram estes caminhos
e fecundaram-nos com suas vidas.
Prepara minhas mãos,
meu coração e minha mente,
para estar atento aos outros…[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Que servir-te, Senhor, seja servir a meus irmãos, e não mim mesmo.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Junto com minha comunidade juvenil, reúno coisas que possam ajudar uma família necessitada,
levamos tudo para ela e rezamos com ela.
“A Deus cabe a escolha; a nós, o serviço”.
São João Paulo II
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Francisco – Homilia do dia 4/7/2014 (http://papa.cancaonova.com/homilia-do-papa-francisco-na-viagem-a-molise-italia-050714/
[4] Buenasnuevas.com – Marcelo A Murúa