Só Deus pode Julgar
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Domingo, 13 de setembro de 2015
“No mundo dos que estão vivos,
viverei uma vida de obediência ao Senhor”
Salmo 116.9
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, desejo verdadeiramente preparar-me bem para este momento;
desejo profundamente que todo o meu ser esteja atento e disposto para ti.
Ajuda-me a iluminar minhas intenções.
Tenho tantos desejos contraditórios…!
Preocupo-me com coisas que não são nem importantes nem duradouras.
Contudo, sei que, se te entrego meu coração, não importa o que eu faça,
seguirei meu novo coração.
Em tudo o que sou, em tudo o que procurar fazer, em meus encontros, reflexões,
inclusive nas frustrações e erros, mas principalmente neste momento de oração,
em tudo isso, faze com que eu ponha minha vida em tuas mãos.
Senhor, sou inteiramente teu. Faze de mim o que quiseres. Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 8.27-35
A afirmação de Pedro
Mateus 16.13-20; Lucas 9.18-21
27Depois Jesus e os seus discípulos foram para os povoados que ficam perto de Cesareia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou:
— Quem o povo diz que eu sou?
28Os discípulos responderam:
— Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas.
29— E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus.
— O senhor é o Messias! — respondeu Pedro.
30Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa.
Jesus fala da sua morte e da sua ressurreição
Mateus 16.21-28; Lucas 9.22-27
31Jesus começou a ensinar os discípulos, dizendo:
— O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, três dias depois, ressuscitará.
32Jesus dizia isso com toda a clareza. Então Pedro o levou para um lado e começou a repreendê-lo. 33Jesus virou-se, olhou para os discípulos e repreendeu Pedro, dizendo:
— Saia da minha frente, Satanás! Você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa.
34Aí Jesus chamou a multidão e os discípulos e disse:
— Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. 35Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Srta. Francis Castillo[2] – Diác. Alejandro Ulloa[3]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Onde se encontram agora Jesus e seus discípulos? O que Jesus lhes perguntou? Que responderam eles? O que Pedro respondeu? O que Jesus lhes ordenou e o que lhes anuncia? O que acontece entre Pedro e Jesus no momento de fazer o anúncio? Como devem ser os discípulos do Senhor?
Algumas pistas para compreender o texto:
Este evangelho de São Marcos tem duas partes: na primeira, temos a confissão messiânica de Pedro; na segunda, o primeiro anúncio da paixão e da ressurreição.
Saindo de Betsaida (8.22), rumo ao norte, Jesus, acompanhado por seus discípulos, foi às aldeias da região de Cesareia de Filipe, que estava situada ao pé do Monte Hermon, em uma das fontes de onde nasce o rio Jordão. Jesus, porém, não entra na cidade, mas permanece nos povoados situados nos arredores. A partir desse momento, a viagem de Jesus aproxima-se sempre mais de Jerusalém: este ponto muito distante é adequado para inaugurar a ideia da paixão, pois é justamente “no caminho” (v. 27) que Jesus questiona seus discípulos, esse caminho que ressalta a decisão de Jesus de subir a Jerusalém rumo à paixão.
A inesperada pergunta de Jesus a seus discípulos pretende unicamente servir de contraste para a subsequente confissão de Cristo. “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas” (v. 28). Esta breve enumeração das opiniões das pessoas a respeito de Jesus retoma exatamente as personagens que são nomeadas em 6.14-15, quando Herodes procura inteirar-se do que as pessoas diziam a respeito de Jesus. Em relação ao título de profeta que se atribui a Jesus, as testemunhas do Novo Testamento são numerosas. No tempo de Jesus, o profetismo já não existia em Israel. O povo sentia o peso daquele silêncio de Deus: esperava-se a reaparição de algum profeta (cf. 1Mac 4.4; 14.41; Jo 1.21). O próprio Marcos apresenta bem claramente a espera desta nova vinda de Elias, mas afirma que ele já se havia manifestado em João Batista, mas as pessoas fizeram com ele o que quiseram (cf. Mc 9.11-13).
Jesus pergunta diretamente aos discípulos que estavam com ele havia algum tempo: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” (v. 29). No texto grego, o verbo “perguntar” indica uma pergunta insistente.
“O senhor é o Messias” (v. 29). Sim, Jesus é o Messias, o rei esperado, ungido por Deus com seu Espírito e que traz a salvação; seu messianismo, porém, não é nacionalista, político ou glorioso, como esperava o povo judeu contemporâneo. A cena da confissão clara e direta de Pedro a respeito da obra de salvação de Jesus é um ponto culminante na vida do Mestre. Perante tal confissão, Jesus ordena novamente que não falassem a ninguém sobre tal assunto (v. 30). Esse pedido é conhecido como o “segredo messiânico” e tem como finalidade guiar ao reconhecimento de Jesus como Filho de Deus.
A expressão “começou a ensinar os discípulos” (v. 31) assinala um momento crucial e decisivo na vida e na missão de Jesus. Inicia-se uma etapa nova e diferente em seus ensinamentos.
“O Filho do Homem” (v. 31) – este título de Jesus aparece somente duas vezes na primeira parte do evangelho (2.10,28); agora, aparece até doze vezes (8.31,38; 9.9,12,31; 10.33,45; 13.26; 14.21,41.62). Neste momento é que Jesus começa a revelar sua identidade de Messias com o primeiro anúncio de sua paixão, morte e ressurreição. Diante de tal anúncio, Pedro age como Satanás, igual ao tentador do deserto (Mc 1.12). Jesus repreende a Pedro, e aproveita para advertir seus seguidores quanto às exigências que implica seguir seu caminho. São elas: “Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe” (v. 34), ou seja, partilhar o caminho de sua paixão; em seguida, acrescenta: “Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira” (v. 35). Aqui encontramos traços claros dos que querem ser seguidores de Jesus: a doação e a solidariedade no amor; a renúncia do que nos afasta de Jesus e a fé nele e em sua Palavra.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Neste domingo, o evangelho mostrar-nos como para Pedro, o apóstolo mais importante, aferrado à sua fé no Mestre, era difícil aceitar o sofrimento que Jesus anunciava como parte de seu Plano de Salvação. Por isso, Jesus chama-o de “Satanás” e pede-lhe que se afaste dele. Acontece-nos a mesma coisa quando, às vezes, com boa intenção, queremos evitar sofrimentos pessoais ou de nossos amigos, e fugimos de situações difíceis, que nos confrontam, nos enchem de intranquilidade e nos trazem sofrimento; Jesus, no entanto, repreende-nos com sua Palavra, e explica que para ser chamado “discípulo”, é preciso segui-lo até à cruz, esquecendo-se a si mesmo.
Jesus lembra-nos que o caminho para ajudar os demais supõe carregar a cruz e enfrentar a rejeição. De quando em vez, preferimos o sucesso, os aplausos, os reconhecimentos. Seguir Jesus supõe ir atrás dele, não converter-se em seu opositor ou adversário. Quando pensamos de forma interesseira e mesquinha, parecemo-nos mais com Satanás do que com um discípulo ou discípula de Jesus.
Com o Papa Bento XVI, em Madri, refletimos ainda mais a respeito de nossa vivência de fé: Queridos jovens, Cristo hoje também se dirige a vocês com a mesma pergunta que fez aos apóstolos: «E vocês, quem dizem que Eu sou?» Respondam-lhe com generosidade e coragem, como corresponde a um coração jovem como o de vocês. Digam-lhe: ‘Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a tua vida por mim. Quero seguir-te fielmente e deixar-me guiar pela tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em ti e coloco nas tuas mãos a minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustente, a alegria que nuca me abandone’.
“Queridos jovens, permitam-me que, como Sucessor de Pedro, convide-os a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vida vocês”.[4]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Para mim, quem é Jesus? Que dizem meus amigos a respeito de Jesus? Tenho vivido momentos que me exigem deixar meus gostos de lado e agir com sacrifício para o bem dos outros? Quero que minha fé seja uma fé guiada pela Palavra de Deus?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus,
Filho de Deus e Salvador dos homens,
ilumina minha vida com tua luz
e dá-me a graça de crer em ti
com uma fé alegre e contente,
jubilosa e entusiasmada,
sejam quais forem as circunstâncias da vida
nas quais me encontre.
Dá-me, Senhor Jesus,
uma fé tão grande e tão profunda,
que me ajude a superar hoje e sempre,
os momentos difíceis
por que todos temos de passar.
Uma fé que me permita vencer os temores
que invadem minha alma.
Uma fé que destrua para sempre os medos
que me afligem.
Uma fé que dê sentido e valor
a todas e a cada uma de minhas alegrias
e de meus sofrimentos.[5]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Afasta de mim, Senhor, a tentação de esquivar-me da cruz de cada dia.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, rezarei por aquelas situações difíceis, que me custam tanto, mas que decido assumir com a coragem que a fé em Jesus me dá.
“Deus não é o que você imagina ou o que você acredita entender.
Se você o compreende, você falhou”.
Santo Agostinho
[2] Leiga engajada, membro da Equipe de Formação da Pastoral de Juventude da Nicarágua; acompanha a Pastoral Universitária da Diocese de Juigalpa. Trabalha como Coordenadora Católica da Alpha Nicarágua. Foi membro da Equipe Latino-Americana da Pastoral de Juventude do CELAM.
[3] Diácono transitório da Diocese de León, estudante do quarto ano de teologia no Seminário Nacional Interdiocesano Nossa Senhora de Fátima, de Manágua, Nicarágua.
[4] Viagem apostólica a Madri, XXVI JMJ (https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2011/documents/hf_ben-xvi_hom_20110821_xxvi-gmg-madrid.html).