O olhar de Deus (Mt 13, 54-58)
1 de agosto de 2014“Quando os alimenta, o Senhor Deus é generoso; ele satisfaz a todos os seres vivos”
3 de agosto de 2014Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do governador Herodes. Ele disse a seus servidores: “É João Batista, que ressuscitou dos mortos; e, por isso, os poderes miraculosos atuam nele”. De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe.
Pois João tinha dito a Herodes: “Não te é permitido tê-la como esposa”. Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta. Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse.
Instigada pela mãe, ela disse: “Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista”. O rei ficou triste, mas, por causa do juramento diante dos convidados, ordenou que atendessem o pedido dela. E mandou cortar a cabeça de João, no cárcere. Depois a cabeça foi trazida num prato, entregue à moça e esta a levou a sua mãe. Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois foram contar tudo a Jesus.
Este evangelho me faz percorrer um caminho orante. Duas coisas me chamam a atenção: o juramento de Herodes, diante do desempenho de Salomé – assim conhecida a filha de Herodíades – e o pedido que ela faz ao rei. A Salomé foi prometido tudo que ela quisesse. Em Mc 6, 22, cujo relato também se refere à morte de João Batista, o rei diz à jovem: “- Pede-me o que quiseres, e eu te darei. E jurou: Ainda que me peças a metade de meu reino, eu te darei.” A moça, então, por influência da mãe, pede a cabeça de João Batista numa bandeja. Salomé escolheu a morte.
O juramento do rei, concedendo a Salomé total liberdade de escolha, acaba cerceando sua própria liberdade. Uma vez prometido, ele não poderia voltar atrás. Herodes, embora tenha agido livremente, acaba prometendo algo que estava acima de sua vontade. Não soube usar de sua liberdade com a responsabilidade devida.
Quantas vezes agimos de forma ingênua, esquecendo-nos de que a liberdade exige de nós um compromisso com a vida?
A escolha de Salomé me leva a pensa: como exercemos nossa liberdade? Assumimos a responsabilidade pelos efeitos que ela provoca na vida das pessoas? Já imaginamos que nossa liberdade pode escravizar alguém? E mais… Em nossa liberdade, fazemos a escolha pela morte?
Em minha oração, sou levada a pensar em outro texto bíblico, o livro de Ester, quando a rainha Ester se apresenta diante do rei. Ele também faz um juramento a ela dizendo-lhe: “ – Rainha Ester, pede-me o que quiseres e eu te darei. Ainda que me peças a metade do meu reino, tu a terás” (Est 7,2b). A rainha pede que o rei conceda-lhe a vida e a de seu povo. Ester escolheu a vida.
A cada momento, vivemos situações em que temos que escolher entre a vida e a morte. Nem sempre é a vida o que escolhemos. Muitas vezes, preferimos um caminho de morte, influenciados por apelos que nos levam a agir sem pensar nas consequências.
Algo que tem me incomodado muito é o crescente consumo. Aparentemente, parece apenas uma questão de escolha, inofensiva, no entanto, não temos noção dos estragos que ela acarreta ao meio ambiente. A produção aumenta, para atender à demanda consumista, e com ela aumentam também os resíduos despejados na terra, na água e no ar. Depois do uso, sabemos o que será feito com o lixo? Consumimos o que necessitamos, pensamos antes de comprar, ou fazemos do consumo nosso estilo de vida? Em que medida contribuímos para que nossa comunidade e o meio ambiente tenham mais vida? O que temos feito para não seguir um caminho de morte?
Peço ao Espírito Santo que nos conceda a graça do discernimento. Que diante da bênção e da maldição escolhamos a vida.
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Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG