Entre crianças (Mt 19,13-15)
15 de agosto de 2015Nossas “riquezas”
17 de agosto de 2015LECTIO DIVINA
20º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 16 de agosto de 2015
“Procure descobrir, por você mesmo,
como o Senhor Deus é bom”
Salmo 34.9
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Amor divino, laço sagrado,
que unes ao Pai onipotente
e a seu bem-aventurado Filho,
Espírito consolador todo-poderoso,
dulcíssimo consolador dos aflitos,
impregna com tua soberana virtude
o mais profundo de meu coração;
que tua presença amiga encha de alegria,
pelo brilho deslumbrante de tua luz,
os rincões obscuros de minha morada abandonada;
vem fecundar com a riqueza de teu orvalho
o que uma longa estiagem fez murchar.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 6.51-58
Jesus, o pão da vida
51Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer desse pão, viverá para sempre. E o pão que eu darei para que o mundo tenha vida é a minha carne.
52Aí eles começaram a discutir entre si. E perguntavam: — Como é que este homem pode dar a sua própria carne para a gente comer?
53Então Jesus disse:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, vocês não terão vida. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Pois a minha carne é a comida verdadeira, e o meu sangue é a bebida verdadeira. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele. 57O Pai, que tem a vida, foi quem me enviou, e por causa dele eu tenho a vida. Assim, também, quem se alimenta de mim terá vida por minha causa. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os antepassados de vocês comeram e mesmo assim morreram. Quem come deste pão viverá para sempre.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Como Jesus se apresenta? O que discutiam os judeus? O que acontece com quem bebe seu sangue e come sua carne? Jesus vive pela vida do Pai: o que acontecerá com quem se alimenta dele?
Algumas pistas para compreender o texto:
Esta passagem é a conclusão do discurso do pão da vida que vimos lendo nesses últimos domingos, o qual Jesus vinha desenvolvendo depois da multiplicação dos pães.
Começa com a afirmação que concluía o evangelho do domingo passado, na qual Jesus identificava o pão da vida com sua carne (v. 51). Seguem-se as discussões dos judeus (v. 52), e Jesus insiste no mandato de comer sua carne e beber seu sangue (vv. 53-58).
Se a reação dos judeus tinha sido “criticar” quando Jesus tinha dito que era o pão descido do céu (v. 41s), agora que lhes propõe comer sua “carne”, o repúdio é ainda maior: “Como é que este homem pode dar a sua própria carne para a gente comer?” (v. 52).
Nos versículos que se seguem (53-58), Jesus faz afirmações que podem ser compreendidas à luz da instituição eucarística, que justamente neste evangelho não aparece na última ceia: naquela ocasião, João apresenta o lava-pés (cf. Jo 13; Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.14-22; cf. também 1Co 11.23-26).
Jesus insiste pela via positiva e pela negativa: “Se vocês não comerem… e não beberem… não terão vida”; “quem come… e bebe… tem a vida eterna”, mostrando assim o ponto culminante de um caminho que havia começado com o convite a crer nele (cf. 6.29), a reconhecer nele o enviado do Pai, a não escandalizar-se e a deixar-se atrair e ensinar pelo Pai (cf. 6.45) e, finalmente, nos versículos que lemos hoje, a “alimentar-se” dele, a comer sua carne e a beber seu sangue.
O v. 57 estabelece uma vez mais a cadeia de origens: a fonte original é o Pai, que enviou Jesus, e Jesus vive pelo Pai, tem sua fonte nele; de maneira análoga, quem come Jesus, viverá por ele, terá nele a fonte de onde brota a vida: “Foi assim que Deus mostrou o seu amor por nós: ele mandou o seu único Filho ao mundo para que pudéssemos ter vida por meio dele” (1Jo 4.9). Jesus foi enviado para ser fonte de vida para os que creem nele; por isso, insiste tanto no “comer sua carne” e no “beber seu sangue”.
Naturalmente, no contexto em que está escrito este mandato de Jesus, não se pode entendê-lo de modo automático – “dado que como sua carne, então já tenho a vida eterna”. Vimos que este é o ponto culminante de todo um processo de autorrevelação de Jesus, que passa por várias rejeições da parte dos judeus (o autor estará advertindo seus leitores quanto às possíveis dificuldades e rejeições pelas quais eles mesmos poderiam passar?) Superando tais rejeições, aceitando o ensinamento e a palavra de Jesus é que poderemos chegar verdadeiramente a “comer” e a “beber”; somente assim entraremos em comunhão plena, e “viveremos por ele”.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho deste domingo permite-nos saborear as palavras que Jesus diz com insistência: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu”. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele”. “Se alguém comer desse pão, viverá para sempre”. Ademais, dá-nos a garantia de permanecer unidos com o Pai, ou seja, ao comungar, Jesus alimenta-nos com seu corpo e sangue, e também nos faz entrar em unidade com Deus Pai, com quem ele é um. É complicado entender, mas, sem dúvida, é uma realidade para ser contemplada e vivida. Quando comungamos, entramos em oração e aí nos encontramos com a pessoa que mais nos ama, com quem sabe tudo sobre nós; é encontro com o Pai, com o Filho e com o Espírito; com aquele que é Todo-poderoso, que está disposto a abraçar-nos e a fazer-nos encontrar a paz; a dar-nos consolo e a revestir-nos de sua força. Então, cada domingo e com a melhor companhia, começamos uma nova semana, vivendo o mistério de comum-união…
De modo semelhante, o Santo Padre João Paulo II no-lo ajuda a entender: “Que dom maravilhoso nos é dado na Eucaristia! Que inefável Sacramento! Mediante a nossa participação neste ato supremo da vida e do culto da Igreja, unimo-nos a Ele que é o Redentor do mundo… Este grande Sacramento que nos permite participar da vida de Cristo une-nos também uns aos outros, a todos os outros membros da Igreja e a todos os batizados de todos os tempos e de todas as nações. Embora nós, que pertencemos à Igreja, nos encontremos dispersos pelo mundo, embora falemos línguas diferentes, tenhamos um diverso património cultural e sejamos cidadãos de diferentes nações, “uma vez que há um só pão, embora sejamos muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1 Cor 10, 17).[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O que tenho experimentado quando comungo? Esforço-me por participar ativamente da Eucaristia? Vou à Missa em família? Durante a semana, recordo a Eucaristia de que participei e o que Jesus me disse nela?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus,
Tua presença na Eucaristia
começou com tua entrega na Última Ceia
e continua como comunhão e doação de tudo o que és.
Estamos em atitude de adoração e de silêncio.
Por meio de ti e no Espírito Santo,
que nos comunicas,
queremos chegar ao Pai,
para dizer-lhe nosso sim unido ao teu.
Contigo já podemos dizer: Pai nosso…
Tu unes o céu à terra
e teu amor se derrama em toda a criação
Tu, Jesus, te fizeste homem,
para reconduzir todo o criado
em um supremo ato de louvor,
Àquele que fez tudo do nada.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, o Filho que me leva ao Pai, alimento e força para minha vida.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Prolonguemos a realidade da Eucaristia durante a semana, entrando em comunhão com Deus, vivendo o mistério eucarístico em diferentes momentos, principalmente nos mais difíceis e nos mais alegres.
“Ó Jesus, alimento sobrenatural das almas,
a Ti recorre este povo imenso”
São João XIII
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3]São João Paulo II em visita apostólica ao Extremo Oriente (16 de fevereiro de 1981 – http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1981/documents/hf_jp-ii_hom_19810216_karachi-pakistan.html).
[4] Antonio Diaz Torjada, Sacerdote e jornalista espanhol.