Fé maior
27 de junho de 2015Segue-me (Mateus 8,18-22)
29 de junho de 2015LECTIO DIVINA
13º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 28 de junho de 2015
“Ó Senhor Deus, eu te louvo porque me socorreste!”
Salmo 30.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Rei celestial, Consolador,
Espírito da verdade,
que estás presente em todas as partes e tudo plenificas,
tesouro de todo o bem e Fonte de vida,
vem e faze de nós tua morada,
purifica-nos de toda mancha
e salva nossas almas,
Tu que és bom.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 5.21-43
O pedido de Jairo
Mateus 9.18-19; Lucas 8.40-42
21Jesus voltou para o lado oeste do lago, e muitas pessoas foram se encontrar com ele na praia. 22Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, foi e se jogou aos pés de Jesus, 23pedindo com muita insistência:
— A minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare e viva!
24E Jesus foi com ele. Uma grande multidão foi junto e o apertava de todos os lados.
Jesus e a mulher doente
Mateus 9.20-22; Lucas 8.43-48
25Chegou ali uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemorragia. 26Havia gastado tudo o que tinha, tratando-se com muitos médicos. Estes a fizeram sofrer muito; mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais. 27Ela havia escutado falar de Jesus; então entrou no meio da multidão e, chegando por trás dele, tocou na sua capa, 28pois pensava assim: “Se eu apenas tocar na capa dele, ficarei curada.” 29Logo o sangue parou de escorrer, e ela teve certeza de que estava curada. 30No mesmo instante Jesus sentiu que dele havia saído poder. Então virou-se no meio da multidão e perguntou:
— Quem foi que tocou na minha capa?
31Os discípulos responderam:
— O senhor está vendo como esta gente o está apertando de todos os lados e ainda pergunta isso?
32Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. 33Então a mulher, sabendo o que lhe havia acontecido, atirou-se aos pés dele, tremendo de medo, e contou tudo.
34E Jesus disse:
— Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu sofrimento.
Jesus e a filha de Jairo
Mateus 9.23-26; Lucas 8.49-56
35Jesus ainda estava falando, quando chegaram alguns empregados da casa de Jairo e disseram:
— Seu Jairo, a menina já morreu. Não aborreça mais o Mestre.
36Mas Jesus não se importou com a notícia e disse a Jairo:
— Não tenha medo; tenha fé!
37Jesus deixou que fossem com ele Pedro e os irmãos Tiago e João, e ninguém mais.
38Quando entraram na casa de Jairo, Jesus encontrou ali uma confusão geral, com todos chorando alto e gritando. 39Então ele disse:
— Por que tanto choro e tanta confusão? A menina não morreu; ela está dormindo.
40Então eles começaram a caçoar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem e, junto com os três discípulos e os pais da menina, entrou no quarto onde ela estava.
41Pegou-a pela mão e disse:
— “Talitá cumi!” (Isto quer dizer: “Menina, eu digo a você: Levante-se!”)
42No mesmo instante, a menina, que tinha doze anos, levantou-se e começou a andar. E todos ficaram muito admirados. 43Então Jesus ordenou que de jeito nenhum espalhassem a notícia dessa cura. E mandou que dessem comida à menina.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Havia quanto tempo a mulher estava enferma? Em que parte da roupa de Jesus a mulher tocou? Quando saiu o poder de Jesus, o que ele fez e o que disse à mulher? Que disse Jesus ao chefe da sinagoga quando lhe disseram que sua filha havia morrido? Que fez Jesus com a menina? Qual foi a última sugestão de Jesus aos que estavam presentes?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Depois de mostrar seu poder sobre a tempestade no mar (Marcos 4.35-41) e sobre o demônio (Marcos 5.1-20), no texto de hoje Jesus vence a enfermidade e a morte.
O texto começa com a súplica de Jairo por sua filha (vv. 21-24) e termina com a ressurreição da menina (vv. 35-43); no centro, apresenta a cura da mulher com hemorragias (vv. 25-34), algo que parece opor-se ao chamado de Jairo e adiar a urgência de seu apelo.
A cura dessa mulher mostra seu esforço para ficar curada, em contraste com o pioramento de sua situação (v. 26). Em seguida, narra-se seu contato secreto com a capa de Jesus e sua cura posterior (vv. 27-29). Finalmente, aparecem a pergunta de Jesus, a objeção dos discípulos, a manifestação da mulher e o elogia da fé (vv. 30-34).
Do ponto de vista religioso, a hemorragia tornava impura a mulher e a impedia de participar do culto e das reuniões do povo. Mais do que uma enfermidade física, era uma condição que a humilhava e a bania da sociedade. O processo de cura dá-se em dois passos: no primeiro, a mulher toca secretamente e com fé a capa de Jesus e fica curada fisicamente (v. 29); no segundo, Jesus procura saber que o tocou; diante disso, a mulher se ajoelha aos pés de Jesus e lhe conta “toda a verdade” (v. 33). Ali, Jesus diz-lhe não somente que ela está curada, mas que está “salva”. Jesus permite que a mulher faça o processo desde a cura física, passando pelo reconhecimento de sua própria dor, até alcançar a plena salvação, que é o reintegrar-se em sua comunidade.
Entretanto, adia-se o pedido de Jairo, que havia suplicado pela vida de sua filha, que “estava morrendo” (cf v. 23). Quando termina a cura da mulher, chegaram com o aviso a Jairo de que sua filha havia morrido. Jairo teve que esperar que Jesus se detivesse com a mulher, e agora, tudo está acabado: sua filha morreu. Jesus, porém, convida-o a não ter medo e a crer incondicionalmente.
Jesus toma consigo os primeiros discípulos que havia chamado e, com eles, vai à casa de Jairo. A menina morreu e por isso as pessoas choram. As palavras de Jesus “ela está dormindo” têm sentido figurado: o dormir era uma maneira comum de referir-se à morte (cf. 1 Tessalonicenses 4.12-14). A morte não tem poder sobre Jesus, embora cada um dos mortos que Jesus fez reviver tenha voltado a morrer; essas reanimações são uma antecipação da ressurreição, já definitiva, que Ele vai inaugurar com sua própria Páscoa.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Jairo e a mulher enferma são as pessoas que, neste domingo, o Evangelho nos apresenta como testemunhas de fé. Aproveitemos esta oportunidade para revisar nossa fé: quando não encontramos facilmente uma resposta e, aparentemente, “somente” um milagre nos fará sentir-nos melhor, aferramo-nos a Jesus, às vezes, de maneira superficial, e imploramos sua ajuda, seu livramento. O resultado: algumas vezes não gostamos da resposta do Senhor, de seu silêncio, e findamos por sentir que fomos iludidos. Mas, imaginemos a mulher enferma…, sua família, sua casa, seu dia a dia, sua angústia e, principalmente, sua resolução e segurança para ir “unicamente” tocar a capa do Senhor. Não duvidou um segundo, pois se o tivesse feito, não teria acontecido o milagre de sua salvação. Agora pensemos em Jairo: implorou por sua filha, intercedeu, e o Senhor o colocou à espera… Decepção? Irritação? Ciúmes? Não, uma simples espera. O evangelista não explica sua atitude, mas se pode intuir sua paz: é a espera paciente e a tranquilidade de quem confia em Jesus. Por isso, hoje, vale a pena meditar sobre nossa atitude como pessoas de fé, e um elemento-chave para isso é nosso crescimento na oração e nossa relação com Jesus.
O Papa Bento XVI convida-nos a viver e a alimentar nosso crescimento espiritual: “Estabeleçam e cultivem um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conheçam-no mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; falem com ele na oração, confiem nele. Nunca os atraiçoará. “A fé é primeiramente uma adesão pessoal do homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou” (Catecismo da Igreja Católica, 150). Assim vocês poderão adquirir uma fé madura, sólida, que não se fundamenta unicamente em um sentimento religioso ou em uma vaga lembrança do catecismo da infância. Vocês poderão conhecer a Deus e viver autenticamente dele, como o apóstolo Tomé, quando professou abertamente sua fé em Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!”. [3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Quando rezo, faço-o realmente com fé? Tenho a certeza de que somente ao aproximar-me de Jesus posso obter a cura? Reconheço o poder que existe em Jesus, a Palavra encarnada?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Suplico, por tua infinita bondade e misericórdia,
que cures minha enfermidade,
limpes minha sujeira, ilumines minha cegueira,
enriqueças minha pobreza e vistas minha nudez,
para que, assim, eu possa receber o Rei dos Reis
com reverência e humildade,
arrependimento e devoção,
com toda a fé e pureza, e com o propósito e a intenção
que convêm para a saúde de minha alma.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, que minha fé seja minha salvação e a de minha família.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Farei uma oração escrita, irei ao fundo de meu coração e, com toda a minha fé, peço a Jesus que cure minhas feridas.
“Fé é crer no que não se vê; e a recompensa é ver o que se crê”.
Santo Agostinho de Hipona
[1] Oração da liturgia bizantina.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3]Mensagem de Bento XVI – XXCI JMJ / 2011 (Mensaje de Benedicto XVI – XXVI JMJ /2011).
[4] São Tomás de Aquino.