“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus”
20 de junho de 2015“Não julguem, e vocês não serão julgados”
22 de junho de 2015LECTIO DIVINA
12º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 21 de junho de 2015
“Deem graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom,
e porque o seu amor dura para sempre!”
Salmo 107.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Rei celestial, Consolador,
Espírito da verdade,
que estás presente em todas as partes e tudo plenificas,
tesouro de todo o bem e Fonte de vida,
vem e faze de nós tua morada,
purifica-nos de toda mancha
e salva nossas almas,
Tu que és bom.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 4.35-41
Jesus acalma uma tempestade
Mateus 8.23-27; Lucas 8.22-25
35Naquele dia, de tardinha, Jesus disse aos discípulos:
— Vamos para o outro lado do lago.
36Então eles deixaram o povo ali, subiram no barco em que Jesus estava e foram com ele; e outros barcos o acompanharam. 37De repente, começou a soprar um vento muito forte, e as ondas arrebentavam com tanta força em cima do barco, que ele já estava ficando cheio de água. 38Jesus estava dormindo na parte detrás do barco, com a cabeça numa almofada. Então os discípulos o acordaram e disseram:
— Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso?
39Então ele se levantou, falou duro com o vento e disse ao lago:
— Silêncio! Fique quieto! O vento parou, e tudo ficou calmo.40Aí ele perguntou:
— Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?
41E os discípulos, cheios de medo, diziam uns aos outros:
— Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?!
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Como era a tempestade que se desencadeou? Onde estava Jesus e o que fazia? Do que reclamaram os discípulos? O que disse Jesus e o que aconteceu? O que diziam os discípulos uns aos outros?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Depois de narrar o ensinamento por meio de parábolas (4.1-34), Marcos apresenta Jesus dominando o mar (4.35-41), os demônios (5.1-20), a enfermidade e a morte (5.21-43). Como é seu estilo, palavras e ações, ensinamentos e prodígios é que vão revelando o Mestre.
O texto começa com uma introdução (vv. 35-36) na qual Jesus está com seus discípulos na barca, porque estes aceitaram seu convite para ir para outro lado do lago. Os vv. 38-38 mostram o contraste entre a tormenta, com o perigo que supõe, e Jesus a dormir na parte detrás do barco. Quando os discípulos lhe pedem ajuda, Jesus resolve a situação acalmando o mar (vv. 39-40) e, finalmente, o v. 41 mostra como os discípulos se admiram do que aconteceu.
Os discípulos, que são pescadores experientes, não sabem o que fazer e recorrem a Jesus: “Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso?” (v. 38). Jesus levanta-se, dá uma ordem ao vento e ao mar, fazendo com que tudo retorne à calma.
A pergunta de Jesus aos discípulos é surpreendente: “Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” Que se supõe que os discípulos deveriam ter feito? Deixar que Jesus continuasse a dormir? Repreender, ele mesmos, o mar…? A incompreensão dos discípulos será um traço que Marcos repetirá frequentemente em seu Evangelho. No entanto, mesmo que não compreendam, isto não impede que sejam discípulos, pois a ressurreição do Senhor lhes dará nova luz para aprofundar o que estão vivendo com o Mestre.
A reação do final do episódio é de temor e de surpresa: “Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?!” (v. 41). Por trás desta pergunta está o questionamento sobre a identidade de Jesus, que se repetirá ao longo do Evangelho (cf. 6.1-3,14-15; 7.37…
A pergunta dos discípulos pode ser entendida também à luz do Salmo 107.28-29: “Então, na sua angústia, gritavam por socorro, e o SENHOR Deus os livrava das suas aflições. Ele acalmava a tempestade, e as ondas ficavam quietas”. O texto ensina que, mesmo fazendo o que o Senhor pede, e com sua presença em meio aos discípulos, não se descartam as ameaças e os perigos. No entanto, a fé permite manter a calma em meio à tempestade.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho deste domingo nos lembra que todos, até os mais fiéis, temos inclinação a temer e a duvidar da companhia de Jesus. Em mais de uma ocasião, temos sentido a impotência e a frustração de saber que contamos com sua presença, mas quando o mundo e as circunstâncias não nos são favoráveis, deixamo-nos levar pelo desespero. Em várias ocasiões, caímos na mesma postura dos discípulos e, no meio da tormenta, buscamos a Jesus com queixas e exigências, muito aborrecidos ao sentir que Ele permite que nos aconteçam “coisas ruins”. Nesse momento, Jesus pergunta-nos: “Vocês ainda não têm fé?”. É uma bela repreensão, pois a faz quando já nos libertou do perigo e demonstrou todo o seu poder. “Vocês ainda não têm fé?” – esta é a pergunta que deve permanecer em nossos pensamentos, ajudando-nos a amadurecer nossa experiência de fé em Cristo.
O Papa emérito Bento XVI apresenta-nos um caminho para crescer na fé: “Queridos jovens, permitam-me que, como Sucessor de Pedro, convide-os a fortalecer esta fé que nos tem sido transmitida desde os apóstolos, a colocar Cristo, Filho de Deus, no centro da vida de vocês. […]Ter fé é apoiar-se na fé dos seus irmãos, e fazer com que a sua fé sirva também de apoio para a fé de outros. […] Para o crescimento da amizade com Cristo é fundamental reconhecer a importância da feliz inserção de vocês nas paróquias, comunidades e movimentos, bem como a participação na Eucaristia de cada domingo, a recepção frequente do sacramento do perdão e o cultivo da oração e a meditação da Palavra de Deus”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Como entendo o abandono nos braços de Jesus? Em que situações senti que não tenho fé? Em que circunstâncias me surpreendi com a fé de outras pessoas? Que atividades faço para que minha fé cresça?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Não te cansas de mim, mesmo que, de vez em quando,
nem eu mesmo me suporte.
Não te rendes, por mais que
me distancie, te ignore, me perca.
Não desistes, mesmo que eu seja estúpido;
Tu, porém, és persistente.
Não perdes teu interesse por mim,
porque teu amor pode mais do que os motivos.
Tem paciência comigo, tu, que não desesperas,
que, ao acreditar em mim, me abres os olhos
e as asas…[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Mesmo estúpido e impaciente, me abandono em ti, Jesus.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Narrarei com minhas palavras este evangelho a alguém que tenha um problema muito grave e lhe falarei do poder de Jesus e da certeza de sua proteção. Em silêncio, rezaremos por nossa fé.
“Se, em meio às adversidades, o coração persevera com serenidade, alegria e paz
isto é amor”.
Santa Teresa de Jesus
[1] Oração da liturgia bizantina.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Bento XVI. JMJ. Madri, Espanha, 21 de agosto de 2011 (http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2011/documents/hf_ben-xvi_hom_20110821_xxvi-gmg-madrid.html)