Aconchego materno (Lc 2, 41-51)
13 de junho de 2015Convite ao Amor Fraterno (Mt 5,38-42)
15 de junho de 2015LECTIO DIVINA
11º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 14 de junho de 2015
“Ó Senhor Deus, como é bom dar-te graças!”
Salmo 92.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Rei celestial, Consolador,
Espírito da verdade,
que estás presente em todas as partes e tudo plenificas,
tesouro de todo o bem e Fonte de vida,
vem e faze de nós tua morada,
purifica-nos de toda mancha
e salva nossas almas,
Tu que és bom.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 4.26-34
A semente
26Jesus disse:
— O Reino de Deus é como um homem que joga a semente na terra. 27Quer ele esteja acordado, quer esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece. 28É a própria terra que dá o seu fruto: primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou o tempo da colheita.
A semente de mostarda
Mateus 13.31-32; Lucas 13.18-19
30Jesus continuou:
— Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? 31Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. 32Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas.
O uso das parábolas
Mateus 13.34-35
33Assim, usando muitas parábolas como estas, Jesus falava ao povo de um modo que eles podiam entender. 34E só falava com eles usando parábolas, mas explicava tudo em particular aos discípulos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Com que Jesus compara o Reino dos céus? O que acontece quando o grão está maduro? De que tamanho é a semente de mostarda? O que acontece ao ser semeada? Como Jesus ensinava sua mensagem?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Com o evangelho de hoje, retomamos a leitura do tempo da Igreja e nos são apresentadas as últimas parábolas do capítulo 4 de Marcos. As duas parábolas do texto ensinam sobre o Reino de Deus.
Podemos distinguir três partes no texto: a primeira (vv. 26-29) é a parábola do crescimento da semente; a segunda (vv. 30-32) é a parábola da semente de mostarda e, finalmente, os vv. 33-34 são a conclusão de toda a seção das parábolas deste capítulo.
Na primeira parábola, põe-se a ênfase na força que tem a semente do Reino. O relato é muito simples, tirado da experiência cotidiana das pessoas a quem Jesus se dirigia. A primeira característica é que a única coisa que o semeador faz é semear. Em seguida, o crescimento da semente se dá sem a intervenção do semeador, sem que ele saiba como (v. 27). No v. 28, o relato chega a seu ponto culminante: “É a própria terra que dá o seu fruto” e, finalmente, chega o tempo da colheita (v. 29). Com este breve ensinamento, dá-se a entender a poderosa ação de Deus, que leva adiante seu plano, sem que o homem saiba como.
Há também um ensinamento sobre a confiança: Deus mesmo dá o crescimento a seu Reino; por isso, quer na hora da claridade do dia, quer na obscuridade da noite, não há lugar para o temor ou para o abandono.
Na segunda parábola o ensinamento é complementar ao primeiro e destaca a diferença entre a pequenez da semente que se semeia (v. 31) e o tamanho da planta que cresce dessa semente (v. 32). A insignificância da semente de mostarda era proverbial entre os judeus, e a planta de mostarda crescida podia chegar de dois a quatro metros de altura. O começo do reino pode parecer modesto; no entanto, quando cresce, mostra sua força e sua grandeza.
A comunidade de Marcos podia sofrer com sua “insignificância” diante dos demais: a sociedade, o mundo, que não os levava em conta. Contudo, sua confiança não está colocada no “mundo”, mas naquele que dá o crescimento à semente e a faz germinar quando quer e como quer.
As obras de Deus não seguem os critérios humanos para sua realização. E o que pode parecer forte e grande aos olhos dos homens pode ser insignificante para o Senhor que “levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles” (Lc 1.51).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
No Evangelho de Marcos, Jesus descreve a grandeza e, ao mesmo tempo, a simplicidade do Reino de Deus. Não o apresenta como um lugar, mas como a soma de ações que muito poucas vezes contemplamos: o silêncio da semente e seu processo nos convidam a pensar que Deus age com essa mesma paz e silêncio em nossa vida. Sem que nos demos conta, somos a terra que Deus faz germinar; sem que percebamos, Deus faz seu Reino deitar rebentos em meio à nossa realidade. Deus não força as coisas, mas deixa que sua presença em meio ao mundo seja tão sutil que nos permita fazer nossa própria vida, desenvolver nossos próprios projetos, tomar nossas próprias decisões; entretanto, a semente do Reino continua a crescer e a convidar-nos a percebê-la, a convertê-la em uma imagem de nosso próprio crescimento e maturidade espiritual. No final do tempo, será Deus quem recolherá nossa colheita.
O que resulta da semente de mostarda é uma realidade maravilhosa, impensável, surpreendente: o insignificante termina sendo uma experiência de vida abundante e de acolhida fraternal. Se você comparar sua vida com a semente de mostarda, você terá de partir da atitude humilde e dócil à graça de Deus para ver como, através de você, os outros se dão conta de que o amor de Deus é real e que seu Reino já está em meio a este mundo.
O Papa Francisco dedica algumas palavras que nos levam a refletir a esse respeito: “Em síntese, o Reino de Deus não é um espetáculo”. Precisamente “o espetáculo, muitas vezes, é a caricatura do Reino de Deus”. Em contrapartida, “o Reino de Deus é silencioso, cresce dentro; é o Espírito que o faz crescer com a nossa disponibilidade, na nossa terra, que devemos preparar”. Mas “cresce lenta e silenciosamente”.
Assim «o reino de Deus é humilde como o grão, mas cresce com a força do Espírito». Quanto a nós «devemos deixá-lo crescer, sem nos vangloriarmos, permitindo que o Espírito venha, mude a nossa alma e nos faça progredir no silêncio, na paz, na mansidão, na proximidade de Deus e do próximo, na adoração de Deus, sem espetáculo».[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Imagino como seja o Reino de Deus? Alguma vez pensei que estivesse dentro de mim? Senti-me tão pequeno quanto a semente de mostarda e terminei por dar frutos além das expectativas? Na realidade, em que medida sou humilde?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Quero ser fecundo, quer dar frutos abundantes!
Senhor Jesus, põe em meu coração,
como semente, tua Palavra, teu Evangelho;
e faze com que dê fruto cem por um,
para que os homens creiam, louvem e glorifiquem
o Pai que está nos céus.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Louvo-te, Senhor, e te dou graças,
porque teu Reino se estabelece humildemente em meu coração.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Pego uma semente, semeio-a e ofereço ao Senhor o cuidado da planta que nasce. Sempre que dela me aproximar, pensarei que seu Reino está crescendo e amadurecendo em meio à realidade.
“Que Deus a faça crescer, ó bela árvore que Ele plantou,
divina semente celestial!
Que Deus a faça produzir frutos maduros
e que, uma vez produzidos, Deus mesmo os guarde do vento,
para que não caiam por terra e sejam comidos pelos animais”.
São Francisco de Sales
[1] Oração da liturgia bizantina.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Francisco – Missas matutinas na Capela Santa Marta [13 de novembro de 2014] (http://www.news.va/pt/news/homilia-da-missa-em-santa-marta-no-reino-de-deus-c)
[4] Encontro a sós com Deus – Emilio L. Mazariegos